e-NEWS
DEZEMBRO 2009

    Tamanho do texto: A A A Índice | Novos credenciados | Novos associados | Equipe e-News | Participe!

PROJETO DO MÊS

Geração de um artigo, um projeto que fala por si mesmo

Autora: Rosária de Fátima Segger Macri Russo

Rosária de Fátima Segger Macri Russo com o artigo “Gerenciamento de Riscos e Tomada de Decisão: uma abordagem multidisciplinar e crítica dos processos atuais” eleito o melhor trabalho do 9º seminário Internacional de Gerenciamento de Projetos comenta como foi  escrever esse artigo.

 “O processo de explicitar um conhecimento como é o fato de se colocar idéias em um papel, faz com que você aprenda mais sobre o assunto, identifique lacunas e tente várias abordagens para mostrar não só sua importância, mas também para que as suas idéias possam evoluir com a contribuição de outras pessoas, outros pensamentos e outras idéias.” Rosária Russo.

Ter um artigo publicado traz muitos benefícios a um gerente de projetos, por exemplo, receberá 10 PDU´s dentro da categoria 2C (palestrante em um simpósio sobre um tema de gerenciamento de projetos)se for certificado no PMI, receberá compartilhamento de conhecimentos, função e responsabilidade de todo gerente de projetos; reconhecimento que pode ser pessoal, profissional ou acadêmico; exposição de idéias e muitos outros. Quando recebi a chamada do capítulo São Paulo com a abertura de recebimento de artigos para a 9ª edição do Seminário de Gerenciamento de Projetos vi uma oportunidade que não poderia perder.

Eu já escrevi para vários congressos e seminários, brasileiros e internacionais, em sua maioria com outros autores, sendo que em alguns fui aprovada e em outros não, por isso tenho algum conhecimento de como o processo funciona. Na vida acadêmica, mesmo na profissional como a de consultor, ter artigos e livros publicados é primordial. Os conceitos de comunicação se aplicam muito bem nesse momento, a mensagem precisa ser entendida por um determinado público e é preciso escrever não só na linguagem como também com assuntos que eles estejam querendo entender, aprender e discutir.

A primeira coisa era definir o tema (escopo). Como estou trabalhando intensamente na minha tese de doutorado na FEA/USP, pensei em usar o evento para avaliar algumas das questões que estou elaborando, que abrangem Gestão de Riscos e Tomada de Decisão. Temas muito ligados a Inovação que era o mote do Seminário Internacional. Uma das primeiras coisas que obtive foram os critérios que o artigo tinha que obedecer (Qualidade) e como os revisores iriam pontuar os trabalhos (Requisitos). Usei o documento exemplo do site como base, como usaria uma EAP de um projeto semelhante.

Como introdução eu achei interessante incluir um cruzamento de informações do Estudo de Benchmarking, desenvolvido por praticamente todos os capítulos brasileiros e no qual fiz parte. Este cruzamento de informações mostrava que mesmo usando a gestão de riscos de maneira formal, ainda havia muitas falhas na identificação de riscos de um projeto, caso de 40% dos respondentes. Nessa época estava cursando uma das poucas disciplinas sobre riscos na USP, com uma abordagem sociológica, que também trabalhava com alguns aspectos da tomada de decisão. Nas últimas aulas eu tinha desenvolvido uma tabela com as várias teorias e decidi que essa seria a base para o artigo. Como a tomada de decisão foi incluída na última versão do PMBOK como habilidade do gestor de projeto, tentei comparar com as outras versões para identificar os pontos que essa habilidade já era abordada, assim como no padrão específico de gestão de riscos. Participo também de um grupo de pesquisadores sobre tomada de decisão (DECIDE na FEA/USP) e estou trabalhando sobre os vieses e heurísticas que podem impactar tanto positivo quanto negativamente a tomada de decisão. Assim, o esquema de atividades estava pronto na minha EAP mental, faltava só passar para o papel, interligando os assuntos e as abordagens, exemplificando e direcionando para o tema da gestão de projetos.

Um dos momentos mais difíceis de escrever é justamente começar, agir. Como para a maioria dos gerentes de projeto, esse seria mais um dentro da minha inacreditável lista de projetos. Nesse tipo de empreendimento, você é o gestor, a equipe, o patrocinador. A prioridade do projeto normalmente é baixa, se é que é definida, enfim, tudo para você adiar e perder o prazo.  Pensando em restrições, um dos marcos era a entrega do texto até 7 de Setembro, 2009, um feriado. Diria que seria um bom projeto para aplicar corrente crítica. Pelo menos a técnica de usar a data mais tarde foi usada.

Assim, comecei realmente a escrever no dia 5 de setembro, uma coisa fundamental para um projeto é o comprometimento e a cada linha que eu escrevia ele ia aumentando. No começo do último dia, o artigo estava pronto, mas é claro que ele extrapolava o limite de oito páginas. Gastei mais um tempo, tentando sintetizar algumas idéias, cortar outras, eliminando referências. No final, fiquei satisfeita com o resultado, pois achei que tinha colocado os principais questionamentos como o uso da experiência versus de processos decisórios para tomar decisões, a percepção dos vieses e heurísticas nesse processo, a influência da organização e da sociedade na gestão de riscos, o risco como conseqüência do projeto e não só como um problema de gestão, a inclusão de novos aspectos a serem abordados pelos produtos dos projetos como meio ambiente e responsabilidade social, temas atuais, mas que nem sempre são discutidos.

Este tipo de projeto tem duas coisas que contam muito: prazo e qualidade. O primeiro eu tinha atingido, mas o outro dependia do cliente, que em primeira instância era a banca examinadora (Stakeholder). Como era um ensaio teórico, sem um estudo de caso ou um método novo ou discussão sobre ferramentas, sem o objetivo de responder, mas pelo contrário de colocar questões aos gerentes de projeto, fiquei na dúvida se ele seria aceito. Toda semana eu acessava o site para ver se o artigo tinha sido aprovado. Quem sabe o meu cliente me entregava o seu pacote de trabalho antecipado...

Quando vi o resultado no site fiquei felicíssima, pois teria a chance de discutir e verificar se minha abordagem era do interesse geral, que seria a segunda instância de avaliação (stakeholder – cliente). Saber que ele ficou em primeiro lugar também foi uma honra, pois como já fui revisora sei que a maioria dos trabalhos tem um nível muito bom.  Fazer com que os participantes do seminário escolhessem a minha palestra era o trabalho do título do artigo. Por isso já tinha dedicado uma atenção especial durante a fase anterior (Gestão de Stakeholders).

Agora faltava outra fase do projeto que era a apresentação. Nesse momento, um dos critérios de qualidade é a permanência das pessoas na sala, além da participação nos minutos finais com perguntas e comentários. O tempo destinado era de 45 minutos sendo que decidi usar só 30 minutos, pois queria muito que houvesse mais questionamentos no final. Gerei o PowerPoint sintético e com efeitos visuais para ser o mais didática possível, já que os temas não eram conhecidos pela maioria do público e enviei para a comissão organizadora. Como não sou muito boa oradora, pratiquei bastante, sozinha, em meu escritório em casa.

Outro risco que eu corria era o horário da palestra (8:30h), que sendo a primeira atividade do último dia tinha todas as chances de ter pessoas atrasadas, inclusive eu. Como estava lá bem antes, consegui conversar com pessoas bastante interessantes que já me deram várias idéias, sendo que algumas delas foram comentadas na própria palestra.

Em termos de público foi um sucesso, pois a sala ficou cheia. A grande maioria das questões colocadas eram questões práticas que não faziam parte dos meus questionamentos, mas pensando bem, esse era o fórum do seminário e serviu como lições aprendidas para minhas expectativas em outros seminários. Talvez eu estivesse esperando por mais acadêmicos no congresso... Por outro lado, as questões colocadas foram bastante pertinentes à gestão de riscos, permitindo elucidar alguns aspectos e dúvidas do público. Ainda conversei com várias pessoas que ficaram interessadas e discutimos alguns aspectos que eu abordei e isso foi um dos maiores benefícios de minha participação.

Veja o trabalho na integra (Formato PDF)

Sobre a autora:


Rosária de Fátima Segger Macri Russo
, Doutoranda e mestre em Administração (FEA/USP), MBA em Administração de Projetos (FIA), tecnóloga em Processamento de Dados (FATEC), é também certificada PMP pelo PMI. Trabalhou mais de 25 anos com tecnologia da informação e sistemas, em companhias mistas do governo, em softwares houses e em bancos de atacado, onde gerenciou projetos de implementação e implantação de sistemas nas mais diversas áreas. Ministra aulas em faculdades como FIAP, FATEC e FIA. Ministra cursos, treinamentos e consultoria sobre implantação de gestão de projetos e tecnologia. Pesquisadora no grupo “Decide” sobre Teoria da Decisão na FEA/USP.

< Voltar

Quer patrocinar a e-News? Entre em contato: comunicacao@pmisp.org.br.
Você está recebendo esse e-mail como um dos benefícios da associação ao PMI São Paulo. Somos totalmente contra o SPAM, caso não seja de seu interesse por favor encaminhe um e-mail para o endereço canaldireto@pmisp.org.br com o assunto Excluir. "PMI", "PMP", "CAPM", "PgMP" e "PMBOK" são marcas do Project Management Institute que estão registradas nos Estados Unidos e demais países.