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DEZEMBRO 2009

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ENTREVISTA

Andriele fala sobre a carreira de um gestor de projetos, sua experiência no Chapter Minas Gerais e a terceirização dos Escritórios de Projetos

Por: Mario Eduardo Bueno Ferreira, PMP

  • Você pode nos descrever um pouco sobre sua formação profissional e sua atual posição no mercado de trabalho?

    Sou graduado em Ciência da Computação e Mestre em Administração de Empresas pela UFMG. Já atuei como gerente de projetos, gerente funcional, consultor e auditor em gerenciamento de projetos. Atualmente, sou implementador e avaliador oficial MPS.Br (modelo de maturidade brasileiro similar ao CMMI) e sócio-diretor da NetProject, empresa especializada em gerenciamento de projetos. Sou também professor de disciplinas de gerenciamento de projetos em cursos de especialização em diversas universidades mineiras. Em todas as minhas atuais ocupações tenho a oportunidade de lidar com desafios relacionados aos projetos de meus clientes, o que é algo bastante interessante.

  • O que o motivou a trabalhar com a disciplina de gerenciamento de projetos?

    Meu interesse por GP aconteceu por absoluta necessidade. Ainda bem jovem, com vinte e poucos anos, recebi a incumbência de coordenar a área de desenvolvimento de produtos de uma software house e senti na pele as dificuldades de trabalhar de forma pouco estruturada. Na época eu era responsável por garantir a entrega de versões customizadas dos softwares da empresa para os novos clientes da carteira. No fundo, no fundo os esforços somados nada mais eram do que uma série de projetos que certamente poderiam ser mais bem gerenciados se a abordagem correta fosse utilizada. Pesquisando na Internet percebi que havia uma “luz no fim do túnel” para a solução dos meus problemas. Estudei com afinco o PMBOK e tudo o que encontrei sobre gerenciamento de projetos. Isso foi só o começo, mas foi um primeiro passo bastante importante.

  • Quais foram suas principais iniciativas e direcionamentos, quando executivo no PMI de Minas Gerais?

    Creio que minha principal contribuição ao PMI-MG se deu quando fui Vice-Presidente de Filiação do Chapter em 2006. Meu objetivo sempre foi disseminar o gerenciamento de projetos em Minas Gerais. Para alcançá-lo, foquei duas metas principais: (I) aumento da base de filiados no estado; (II) aumento do valor fornecido pelo PMI-MG ao filiado. Ainda em 2006, fiz parte da equipe organizadora do Encontro Anual de GP organizado pelo Chapter. Foi um período de muito trabalho, mas também bastante recompensador, especialmente por ter sido bem sucedido naquilo que me propus a fazer.

  • Como professor, qual sua percepção e avaliação do interesse dos alunos na profissão de Gerente de Projetos?

    O interesse tem crescido de forma impressionante. Hoje praticamente todas as escolas que oferecem cursos de pós-graduação têm em sua grade um curso de Gerenciamento de Projetos. A realidade era bem diferente há alguns anos. Além disto, em sala de aula percebo que o assunto é mais bem assimilado pelos alunos pelo fato de haver nas empresas um maior emprego e necessidade das boas práticas de GP.

  • Quais os principais desafios na implementação de um escritório de projetos corporativo?

    Acredito que o principal desafio ainda seja vencer a resistência de algumas pessoas. Mas ao longo do tempo comecei a entender melhor os reais motivos desta resistência. Nada é por acaso. É muito fácil para um consultor dizer “as pessoas não cooperam”, “o ser humano não gosta de mudar”. Mas é difícil às vezes se perguntar: “O sistema de gestão que estou implementando é realmente bom? Ele realmente está ajudando os diversos profissionais fazerem seu trabalho?”. As pessoas estão cansadas de modismos de gestão que não funcionam, de aumento de burocracia sem resultado realmente efetivo, de muita cobrança e pouco auxílio. Daí a resistência. Não temos culpa do que aconteceu de errado no passado, mas temos de lidar com este legado. Nós, profissionais de gerenciamento de projetos, temos a obrigação de mostrar a todos que nosso trabalho realmente funciona, que não é só mais uma “moda”. E isso não se consegue com palavras bonitas, mas com resultados. E entendendo que escritório de projetos existe pra ajudar e não pra trazer mais problemas, ser só mais uma fonte de cobrança. É assim que guio meu trabalho.

  • Você visualiza diferenças na implementação de um escritório de projetos em empresas estatais e empresas de capital aberto?

    Sim. Mas mudaria um pouco a descrição das categorias. Acho que a diferença ocorre entre empresas privadas (não necessariamente de capital aberto) e estatais. Em minha opinião a dificuldade em empresas públicas é maior, por dois motivos: (I) Existência de interesses políticos de curto prazo, que às vezes atropelam as iniciativas de melhoria em relação à gestão; (II) Uma lentidão maior para fazer as coisas acontecerem. Com isso não quero generalizar. Já tive experiências extremamente positivas em empresas estatais. Mas uma coisa é fato: a meritocracia é mais presente na iniciativa privada. Em empresas públicas, a correlação entre geração de resultados pelo funcionário e recompensa – seja na forma de aumento de salário, promoções ou outros benefícios - é menor. E convenhamos: meritocracia tem tudo a ver com gerenciamento de projetos e consequentemente com escritórios de projetos.

  • Em recente evento do PMI em Belo Horizonte, você falou sobre escritório de projetos terceirizados. Pode nos dar um resumo da sua palestra?

    Claro. Falei sobre a experiência da NetProject – empresa que oferece serviços e softwares para gerenciamento de projetos – na implementação de um escritório de projetos terceirizado na Infovias (empresa de telecomunicações da CEMIG). Foi basicamente um relato de experiência em que ressaltei a importância de uma abordagem integrada para a obtenção de sucesso num empreendimento deste tipo. Para implementar um escritório de projetos, não adianta só fazer um diagnóstico de maturidade. Não adianta só treinar as pessoas. Não adianta só motivar por meio de palestras. Não adianta só adquirir um software. Não adianta só alocar gente para cumprir a função de gerentes de projetos. Não adianta só fazer mentoring. Não adianta só definir metodologia. Não adianta só auditar o uso da metodologia. Mas fazer tudo isso, em conjunto, adianta. É um empreendimento complexo e precisa de uma solução à altura. Outro ponto importante que ressaltei foi: a terceirização não precisa ser eterna. O mais comum é ser apenas um primeiro passo, um “empurrãozinho” que a empresa precisa pra conseguir sair da inércia em relação ao gerenciamento de projetos. Assim que os processos do escritório estiverem mais estáveis a empresa terceirizada pode ir saindo gradualmente. Isto é importante deixar claro, porque algumas pessoas têm a impressão de que, ao terceirizar, estão abrindo mão de uma área estratégica para a empresa. E esta não é a idéia.

  • Em sua opinião, qual o valor agregado para uma empresa quando ela decide terceirizar seu escritório de projetos?

    A principal vantagem é a velocidade. Imagine começar do zero. Costuma ser muito mais difícil. É claro que as empresas atualmente contam com mais pessoas que têm conhecimento em gerenciamento de projetos do que há alguns anos atrás. Mas experiência em GP não é o mesmo que experiência em implantação de escritório de projetos. Na Infovias, por exemplo, conseguimos aplicar métodos de GP em projetos já iniciados, pouquíssimo tempo depois de nossa contratação em função da experiência prévia da equipe.

  • Como profissional atuante em gerenciamento de projetos, deixe uma mensagem para os iniciantes no tema?

    Sigam adiante nesta carreira. Gerenciar projetos é fazer acontecer. É estar no comando e não a reboque. Certamente não é uma profissão fácil, mas a vida profissional está cada vez mais difícil para todos, sem exceção. Cada vez mais as organizações precisam mudar, se reinventar numa velocidade muito grande. Produtos são lançados aos montes, a organização do trabalho está cada vez mais complexa e flexível. Muito em breve praticamente todas as pessoas do mundo estarão envolvidas em projetos de alguma forma. Porque então não estar à frente deste movimento?

    Caso alguém queira conversar a respeito, fique a vontade para entrar em contato pelo e-mail andriele@gmail.com

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